Imaginem que todos os artistas da
música, ao morrerem, vão para o céu. Agora imaginem que nesse céu há
todo e qualquer instrumento musical já inventado pelo homem, podendo ser
utilizado por qualquer um que quisesse. Os artistas, que nasceram e
viveram para e pela música não perderiam a oportunidade de aproveitar
todo essa aparato à sua disposição e começariam a tocar, cantar e
dançar, transformando o céu numa verdadeira festa, com gente de todas as
raças, credos e orientações sexuais unidos pelo poder da música. Então,
os artistas começariam a tocar juntos, de acordo com os estilos que
tocavam na Terra, de modo que qualquer um que chegasse pudesse ouvir
aquilo que mais gostava quando era vivo ou passou a gostar a chegar
nesse céu. Ficaria mais ou menos assim:
Em um canto, com seus violões e guitarras elétricas, Robert Johnson, Muddy Waters e John Lee Hooker
estariam apresentando suas canções de blues, relembrando a vida dura
num país ainda racista e intolerante e a vida simples cantada em forma
de música. Um pouco ao lado, Hank Williams, George Jones e Johnny Cash pegariam
seus violões para também falar da vida simples no campo, só que do
ponto de vista dos brancos. Ouvindo essa mistura de country e blues, Elvis Presley, Buddy Holly, Roy Orbison e Bill Haley estariam
celebrando a juventude, cantando e dançando o rock n roll, animando e
contagiando todos os que passavam por perto. Num outro ponto, Ray Charles, Otis Redding e Sam Cooke estariam fazendo duetos com Marvin Gaye, Curtis Mayfield, Etta James e Whitney Houston, com vozes tão potentes que até os anjos se impressionariam, além de Amy Winehouse, que chegaria depois para se juntar à festa. Do lado, Bob Marley e Peter Tosh estariam louvando Jah, sem se esquecer do povo sofrido da Jamaica nas suas músicas de reggae. Um pouco mais ao centro, James Brown estaria ensinando passos de funk ao Michael Jackson, fazendo-o lembrar dos tempos de Jackson 5, e o próprio Mike ensinaria Brown a fazer o Moonwalk. Ao lado de Elvis e cia., John Lennon e George Harrison se juntariam a Brian Jones, John Entwistle, Jack Bruce e Keith Moon, criando uma superbanda para cantar os maiores sucessos das grandes bandas inglesas da década de 60. Em um campo florido, Jimi Hendrix estaria tocando sua guitarra fazendo companhia a Janis Joplin, Jim Morrison, Joe Cocker e Cass Elliot, celebrando a paz, o amor e a música, observados de perto por Frank Zappa, Syd Barrett e Rick Wright.
Um pouco depois apareceriam por lá Bon Scott, Ronnie James Dio, John Bonham, Randy Rhoads, Cliff Burton, Jon Lord e Dimebag Darrell, que elevariam ao máximo o som do rock pra incluir o Hard Rock e o Heavy Metal na festa. Também chegariam pra tocar Johnny, Joey e Dee Dee Ramone, acompanhados de Joe Strummer e Sid Vicious,
cantando as insatisfações da juventude com os governos e pregando a
simplicidade no rock, cercados de pessoas de cabelo moicano e jaquetas
de couro. Para animar a festa, Donna Summer, Maurice e Robin Gibb cantariam os embalos de sábado à noite, sem deixar ninguém parado. Em outra parte da festa, mais afastado do centro, Tupac Shakur e Notorious B.I.G., amigos novamente, se juntariam a Eazy-E e MCA, para fazer rimas sobre os prazeres da vida e os problemas das periferias e dos jovens pobres americanos, sob o comando de Jam Master Jay. Também estariam presentes para cantar os problemas da juventude, na forma de rock, Kurt Cobain e Layne Staley.
Além deles, estariam um pouco mais afastados, mas próximos o suficiente para serem ouvidos, Louis Armstrong, Miles Davis e Dave Brubeck, demonstrando toda a complexidade e sonoridade única do jazz. Também estariam presentes Judy Garland, Frank Sinatra e Bobby Darin, mostrando que vozes e orquestras são um casamento perfeito. Aproveitando a orquestra, Luciano Pavarotti estaria encantando até o mais belo dos anjos com a perfeição vocal dos tenores, e seria surpreendido por Freddie Mercury, que mostraria a semelhança entre o rock e a música erudita, fazendo-se ser ouvido em todos os lugares do céu, acompanhado de Clarence Clemons, como se o céu fosse um grande estádio igual aos em que brilhavam na Terra.
Já cansados de tocar suas obras primas, Beethoven, Mozart, Bach, Vivaldi e
tantos outros gênios da música observariam tudo, e ficariam
extremamente contentes em descobrir que a música se diversificou e se
popularizou sem perder a qualidade, e logo estariam aprendendo a tocar
cada uma das músicas desses novos estilos, de "Cross Road Blues" a "Smells Like Teen Spirit", de "Walk The Line" a "California Love", de "Stayin' Alive" a "Blitzkrieg Bop", de "What a Wonderful World" a "What's Going On", de "Billie Jean" a "Whole Lotta Love", de "We Will Rock You" a "No Woman, No Cry",
esperando a chegada de mais talentos para ampliar ainda mais seus
horizontes musicais e confirmar que a beleza na música, antes de tudo,
está na criatividade do ser humano.
PS:
Eu provavelmente me esqueci de muita gente, mas é muito difícil lembrar
de todo mundo, e o que eu pretendi aqui foi fazer uma homenagem à
diversidade musical e aos grandes artistas que já partiram desse mundo.
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