Certa madrugada, já indo dormir, liguei a TV para
fazer aquele som de fundo, pra embalar meu sono. Já deitado e com a luz
desligada, coloquei 30 minutos no sleeptime. Passava o Programa do Jô, e eu só
tinha a ganhar. Se fosse uma entrevista chata, fatalmente dormiria (um
falatório sempre me dá sono); se fosse com alguém interessante, aproveitaria o
papo e as risadas do Bira.
Escutei que o convidado da vez era professor de filosofia da USP, o que me levou a pensar instantaneamente que seria um sonífero. Foi esperar alguns segundos pra saber que não era bem assim. Seu jeito de falar e o fato de assumir logo de cara, em rede nacional, um fato curioso, criaram a expectativa de uma entrevista no mínimo inusitada, o que acabou se confirmando.
O motivo que me leva a falar sobre essa entrevista no meu primeiro post nesse blog é o fato de ela ter despertado a minha atenção para um momento da vida que espero que todos nós passemos um dia. Mesmo que não seja de forma tão marcante, como foi com o entrevistado, mesmo que esse momento seja, na verdade, um somatório de vários pequenos momentos da vida em que descobrimos que estamos no caminho certo.
O professor Clóvis de Barros Filho conta como sua vida mudou em determinado dia no colégio, que tinha tudo para ser como outro qualquer. Lembra do instante, aos 13 anos de idade, no qual ele descobriu o primeiro passo de como sair de uma vida desmotivada para uma vida na qual sua motivação era estar onde ele estava naquele instante, viver aquilo que, de querer tanto que não acabasse, tinha até medo de começar.
Desafio o leitor a assistir o vídeo sem ao menos
dar meia dúzia de risadas. Identifiquei-me com o bom humor do professor e pela
forma extremamente agradável com a qual ele consegue, através de suas
observações espirituosas, prender a atenção do ouvinte e passar a mensagem que
deseja.
Corremos o risco de passar tempo demais como “descascadores de amendoim”, quando o melhor seria se buscássemos descobrir as coisas que aumentam nossa potência de agir diariamente. O erro não está em não ter a resposta por completo ainda, o erro está em não procurar ou, achando, não seguir o conselho do pai de Clóvis.
No caso dele, uma dessas coisas (não sei se a principal delas) é dar aula, sua profissão. Não há formulas, ele deixa isso bem claro, cada um deve buscar o estilo de vida que o deixa feliz. Em outra palestra ele lembra que essa foi a resposta dada por Socrátes a uma pessoa que o perguntou o que deveria fazer para viver bem. O filósofo afirmou que a busca deve ser pessoal, de quem vive, livremente deliberada. A liberdade para essa perseguição não garante vida boa, mas é condição para ela.
Para os mais apressados, a parte mais interessante começa aos 14 minutos.
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